Mesmo com um trio de candidatos na casa dos dois dígitos na pesquisa estimulada (Moroni, 27; Inácio, 14; Heitor, 11) seguido de um quarteto variando de 3% a 6%, o trabalho de campo dos pesquisadores do Datafolha só reforça o que já foi dito aqui: a sucessão da prefeita Luizianne Lins (PT) está totalmente em aberto. A campanha, este ano mais do que nunca, decidirá quem será o próximo prefeito de Fortaleza. Não à toa a pesquisa espontânea registra 71% de eleitores que dizem não saber em quem votarão. Isso significa que a caça ao voto será das mais tensas. Teremos uma das disputas mais duras dos últimos tempos. Esperemos uma temperatura eleitoral altíssima até o dia 7 de outubro.
O TAMANHO DOS VETERANOS
Não surpreende Moroni aparecer na liderança, isolado, com 27%. É o tamanho médio dele. Em 2008, o candidato do DEM terminou a disputa com 25% dos votos. Grosso modo, ele é o “dono” desses seguidores. Moroni é também o candidato que carrega a maior taxa de rejeição, os mesmos 27%. Ou seja, tem o teto muito baixo. Não tem muito para onde crescer. Isso pode significar que, exceto uma grande reviravolta na campanha, é um quadro que não deve se alterar radicalmente para ele. Isso acaba sendo um desafio para os demais concorrentes. Por dois motivos. Primeiro. Mantida essa performance, Moroni iria para o segundo turno, o que deixaria todos os outros na guerra explicita pela segunda vaga. Já a estratégia de combatê-lo, para tentar jogá-lo para fora do páreo, seria o outro grande desafio. Como tirar voto de alguém que disputou uma eleição há quatro anos e desde então mora na Europa, foi direto do aeroporto para a convenção partidária, tem uma campanha discreta e ainda assim abocanha 27% das intenções de voto? Quem responder essa questão tem grandes chances de chegar lá.Já Inácio surpreendeu, ao aparecer com apenas 14%. É um dos menores índices de intenção de voto do candidato do PCdoB desde que ele começou a disputar a Prefeitura de Fortaleza. Agora, nesse início de campanha, o senador não conseguiu sequer atingir o desempenho obtido há oito anos, quando ficou com 19,23% dos votos. De lá para cá, deu uma minguada de cinco pontos percentuais. Inácio tem uma desvantagem extra. Por ser veterano, conhecido de toda a massa de eleitores da Cidade, dificilmente poderá contar com o crescimento natural que acontece com os novatos, ao longo da campanha.
APOSTAS E PALPITES
No exato dia 19, quinta-feira última, quando o Datafolha estava em campo, um alto integrante da campanha do candidato do PT, Elmano de Freitas, estimava em 6% o índice com que o petista apareceria na pesquisa. Otimismo exagerado à parte, o palpite passou longe. Elmano está com 3%. No comitê do candidato do PSB, Roberto Cláudio, os articuladores trabalhavam com o cenário entre 3% e 5% antes da fase eletrônica e decisiva da campanha, que vai ao ar a partir do dia 21 de agosto. Com 5% de intenções de voto para o nome do PSB, a meta chegou com um mês de antecedência.UMA MADRINHA REJEITADA
Houve uma época em Fortaleza em que o termo “tassismo” era sinônimo de rejeição de voto para prefeito. Por mais de vinte anos, esse sentimento recheou discursos de candidatos, especialmente dos que faziam oposição ao Governo do Estado, como o PT. Pois bem. De acordo com o Datafolha, o ex-senador Tasso Jereissati ainda mantém esse “invejável” patrimônio, com 62% dos entrevistados dizendo que não votariam em um candidato apoiado pelo tucano. Mas o ex-governador ganhou uma companhia de peso. De acordo com o instituto, 76% dos abordados não dariam seu voto a um nome apoiado por Luizianne Lins. Para além da ironia do destino, será preciso muito malabarismo para Elmano fazer uma campanha tentando colar-se na figura do ex-presidente Lula, que detém o maior patamar de transferência de voto (49%), tendo de esconder a principal madrinha política de sua candidatura. A propósito da relação transferência versus rejeição, o ex-presidente da República é o único entre os cinco nomes apresentados ao público (Lula, Luizianne, Dilma, Cid e Tasso) em que há diferença positiva entre aqueles que dizem que votariam e os que não dariam o voto por causa do apoio. 49% contra 32%.
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