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segunda-feira, 30 de julho de 2012

Muito antes dos jogos de Londres, táticas de James Bond

                  Quando os treinamentos olímpicos começaram a se tornar mais detalhados, científicos e complicados, a França criou uma agência dentro do ministério de esportes. Seu nome comum – Préparation Olympique et Paralympique – ocultava uma finalidade mais ambiciosa: aumentar a contagem de medalhas através da vigilância atlética, um tipo de Jogo de Espiões, sob a direção de um homem chamado pelos atletas de James Bond Francês.

Mas a França não é a única nação a buscar uma vantagem olímpica usando a discrição. Alguém da equipe de ciclismo BMX, dos Estados Unidos, percorreu sorrateiramente o percurso de competição dos Jogos Olímpicos deste verão, em Londres, com um dispositivo de mapeamento tridimensional, cujos detalhes as autoridades se negaram a revelar, para que os americanos pudessem construir e treinar numa réplica da pista olímpica.

E a equipe de vela dos EUA oportunamente comprou uma propriedade perto do local de competição olímpico, em Weymouth, na Inglaterra, para construir uma base de treinamento em território inimigo – e estudar o clima e as condições atuais antes dos jogos.
Com os jogos crescendo em magnitude e em dólares, os países têm buscado táticas cada vez mais perspicazes, como investimentos tecnológicos em treinamentos e equipamento, rigorosas pesquisas sobre oponentes e a velha espionagem.

Foi Fabien Canu, o homem conhecido como James Bond Francês, que desbravou o uso de tecnologia e coleta de informações para aprimorar os tradicionais métodos de treinamento para atletas
olímpicos.

“Se continuássemos com nossa pequena operação artesanal, que por vezes foi maravilhosa, isso não seria o bastante”, declarou Canu, que foi diretor da agência francesa de 2006 a 2010. Assim, ele usou a internet e os atletas para buscar avanços em técnicas e tecnologias usadas pela competição. Entre as informações coletadas por sua agência: a crioterapia, técnica de recuperação em que os atletas são submetidos a baixas temperaturas, foi usada por remadores australianos.

Revitalizada em parte por ações de reconhecimento, a França conquistou 41 medalhas nas Olimpíadas de Pequim, em 2008, e não “por acaso”, afirmou Canu.

A agência Préparation Olympique et Paralympique, conhecida como POP, foi criada em 2005, depois que Paris perdeu para Londres a concorrência para os Jogos Olímpicos de 2012. Canu disse ter descoberto uma “ferramenta extraordinária”, com uma “riqueza fenomenal”, no lugar mais óbvio de todos: a internet. Sua equipe passou a usar a rede para reunir informações de outra forma ignoradas sobre a competição.

Investindo cerca de US$ 121 mil num mecanismo de busca projetado sob medida por uma empresa especializada em softwares de inteligência econômica, a POP começou a rastrear notícias, documentos governamentais, sites e arquivos de diversos países. A França empregou dois “observadores” em tempo integral, para procurar e organizar os dados por país e por esporte. Tal operação, mesmo sendo legal, teria sido inédita – para não dizer impossível – meros 20 anos atrás.

A agência francesa também ensinou federações esportivas individuais a realizar análises sistemáticas de treinadores e técnicos ao retornar de competições internacionais. Canu via tudo isso como uma evolução do treinamento tradicional – correr, pular, erguer, descansar –, algo que todos os países de elite praticavam de alguma forma, usando nomes diferentes. Segundo uma citação, Canu teria dito: “A espionagem nos esportes é uma realidade de nossos tempos”.

Antes de Vancouver receber as Olimpíadas de Inverno de 2010, o Canadá criou uma divisão de pesquisa e inovação conhecida como Top Secret (ultrassecreto), e todos os envolvidos assinavam contratos de confidencialidade – incluindo os engenheiros. O bem-sucedido programa britânico de ciclismo chamou sua operação de Secret Squirrel Club (clube do esquilo secreto), e fabricou uma superbicicleta feita de componentes usados na Fórmula 1 e na indústria aeroespacial.

O Canadá criou sua iniciativa Top Secret como parte de um programa mais amplo, o Own the Podium (dominar o pódio), em 2005. Um considerável aumento nos recursos, grande parte de patrocinadores corporativos interessados em inflar a contagem de medalhas do país sede, abasteceu o Top Secret com mais de US$ 2 milhões anuais durante cinco anos – até os jogos olímpicos.

O Dr. Jon Kolb, diretor de ciência, medicina e inovação do esporte, a resposta canadense a Canu, comanda o programa. Ele disse não poder quantificar quantas medalhas o Top Secret efetivamente produziu. Hoje seu financiamento é menor, o nome mudou, mas o Dr. Kolb e seus colegas já estão voltados às Olimpíadas de 2014 e 2016.
“Londres já está em meu espelho retrovisor”, afirmou ele. “Já temos projetos para o Rio em andamento.”

O treinador da equipe de BMX dos Estados Unidos, James Herrera, descreveu a vantagem de treinar numa réplica da pista de Londres como “massiva”. Depois que autoridades olímpicas mudaram o percurso, em janeiro, a réplica foi alterada de acordo. Herrera apontou que a equipe americana havia construído uma réplica da pista também para Pequim, e venceu metade das seis medalhas de BMX.

Relatos da Inglaterra citam como os ciclistas britânicos filmavam os treinadores australianos – que, por sua vez, filmavam as sessões de treino britânicas numa recente competição. “A espionagem atingiu níveis tão absurdos que nosso time filma o time deles filmando nosso time”, apontou o Daily Mail.

Muitas das partes envolvidas se negaram a falar sobre espionagem, passada ou presente. Um verdadeiro espião nunca revela seus truques.

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