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segunda-feira, 30 de julho de 2012

Feijão usado em perfuração transforma a Índia


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LORDI, Índia — Os filhos descalços de Sohan Singh passaram a maior parte de suas vidas famintos e sujos. Um agricultor em uma terra desértica, Singh não podia dar a sua família nada melhor que uma choupana de barro e uma refeição por dia.

Mas acontece que quando o feijão duro e pequeno que Singh cultiva é colhido torna-se um ingrediente essencial para a extração de petróleo e gás natural, em um processo chamado fraturamento hidráulico.

Do outro lado do mundo, as receitas caíram para a gigante dos serviços de petróleo Halliburton, porque aumentaram os preços do guar, o feijão plantado por Singh e seus colegas agricultores.

O prejuízo da Halliburton foi o lucro de Singh. O aumento dos preços do guar está ajudando a transformar esta parte do Estado do Rajastão, no noroeste da Índia, um dos lugares mais pobres do mundo. As vendas de tratores aumentam, as de terras também e os casamentos tornaram-se ainda mais coloridos.
“Hoje, temos bastante comida e uma casa feita de pedra”, disse Singh, sorrindo.

Durante séculos, os agricultores aqui usaram o guar para alimentar suas famílias e o gado. Poucas outras colheitas nutritivas crescem no deserto do Rajastão. O maior interesse comercial pelo guar surgiu quando as companhias alimentícias descobriram que ele absorve água como um amido de milho melhorado e uma forma em pó do feijão hoje é amplamente usada para espessar sorvetes e manter doces crocantes.

Mas muito mais importante para os agricultores daqui foi a recente descoberta de que o guar pode secar a água a tal ponto que uma mistura consegue carregar a areia para o lado, em poços cavados pelo fraturamento horizontal, também chamado de “fracking”.
O sucesso do “fracking” nos Estados Unidos levou a um surto na produção de gás natural.

“Sem guar, você não pode ter fluidos de fraturamento”, disse Michael J. Economides, um professor de engenharia na Universidade de Houston.

“E o que todo mundo teme é que virtualmente não haja guar disponível hoje.”

Neil Beveridge, um analista de petróleo na Sanford C. Bernstein & Company, disse que a demanda por serviços de “fracking” deverá continuar crescendo rapidamente enquanto a indústria se expande para fora da América do Norte. “Já começamos a ver um grande aumento no Leste Europeu, na Argentina, na Austrália e na própria Índia”, disse ele.

A Índia produz cerca de 85% do guar mundial. Existe um esforço internacional para garantir que os suprimentos de guar se aproximem da crescente demanda e centenas de milhares de pequenos agricultores aqui foram recrutados.

Na liderança, está a Vikas WSP, uma empresa indiana especializada em pó de guar.

Muitos agricultores venderam seu estoque de sementes no ano passado, quando os preços dispararam, então a Vikas realizou reuniões em pequenas cidades para distribuir sementes grátis, incluindo novas híbridas de alta produtividade.

A empresa convenceu os agricultores com terras irrigadas no Estado de Punjab, ao norte do Rajastão, a plantar guar na primavera, em vez de algodão. Essa safra está chegando ao mercado agora.

E a Vikas assinou contratos com agricultores garantindo um retorno de quase US$ 800 por acre (cerca de meio hectare) se eles plantassem guar, mesmo que as monções deste ano fossem boas.
“O que eles produzirem nós compraremos”, disse Sanjay Pareek, um vice-presidente da Vikas.

Prevendo uma forte safra, a Vikas está mais que duplicando sua capacidade de processamento, construindo duas fábricas em Jodhpur, a segunda cidade do Rajastão.

No próximo ano, a companhia poderá produzir 78 mil toneladas de pó de guar por dia. Produtores menores estão adotando medidas semelhantes.

“O ano passado foi extraordinário”, disse S. K. Sharma, diretor da Lotus Gums and Chemicals em Jodhpur. “Em 35 anos neste setor, nunca vi isso.”

Sharma foi cautelosamente otimista de que os preços do guar continuarão robustos. “Mas sabemos que há esforços para plantar guar na China, na Austrália, na Califórnia e em outros lugares e isso nos preocupa”, disse ele.

Susan L. Sakmar, uma analista de energia em San Francisco, advertiu que o boom de fracking poderá desacelerar e que alternativas a ele podem ser desenvolvidas. Mas Economides rejeitou essa opinião. “Não há uma alternativa fácil ou barata ao guar”, disse ele.
E isso é boa notícia para os produtores.

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