As greves que mais prejudicam a economia são as da Receita Federal e da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). As duas áreas têm a responsabilidade de fiscalizar e liberar cargas em portos, aeroportos e regiões de fronteira do país. Com a paralisação dos funcionários, está havendo lentidão no trânsito de produtos e insumos. Os auditores fiscais da Receita estão parados desde o dia 19 de junho, e os servidores da Anvisa, desde 16 de julho.
Segundo a Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), em razão das duas paralisações, há atraso na chegada e na partida de cargas acondicionadas em caminhões nas fronteiras do Brasil com outros países. “Estão retendo muita carga, tanto na importação quanto na exportação”, afirma Fábio Martins Faria, vice-presidente executivo da entidade.
Ricardo Martins, diretor de Relações Internacionais e Comércio Exterior da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), afirma que a greve está causando carência de insumos na indústria. “Estamos pagando uma conta alta. Nossos associados relatam que estão faltando desde insumos para produzir vitaminas, na indústria farmacêutica, até matéria-prima para ração de cachorro. Quem importa tem que arcar com a armazenagem, pois o navio que está no porto não pode descarregar”, reclama.
Como paliativo, a presidenta Dilma Rousseff editou um decreto recomendando aos ministros de Estado providências para a continuidade dos serviços, e autorizando a substituição de funcionários federais pelos servidores das administrações estaduais.
Portaria do Ministério da Saúde determina a adoção de plano de contingência e de procedimentos simplificados enquanto durarem as paralisações. Além disso, liminares judiciais expedidas na última semana ordenaram normalidade mínima no funcionamento dos portos.
O presidente da Condsef, Josemilton Costa, reconhece que a greve causa prejuízos, mas diz não haver outra alternativa. “Esse é um constrangimento que o governo tem causado à população, prejudicada por essa atitude de não conceder reajustes”, afirma Costa. (das agências)
Por quê
ENTENDA A NOTÍCIA
O governo justifica a pouca disposição para atender as reivindicações dos servidores pela crise internacional, centrada na Europa, que gera muitas incertezas sobre o futuro da economia brasileira.
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Negociações lentas
Os representantes do movimento grevista têm reunião agendada com o governo para amanhã, 31, quando espera-se que o Ministério do Planejamento apresente proposta às categorias paralisadas. Segundo o presidente do Condsef, Josemilton Costa , até lá não haverá relaxamento das paralisações.“Trégua sem proposta não existe, e até o momento não tivemos nada”, disse.
O secretário de Relações do Trabalho do Ministério do Planejamento, Sérgio Mendonça, credita à crise internacional a cautela do governo em abrir a carteira. “O governo está avaliando o conjunto de reivindicações. Mas precisamos saber quanto é possível gastar em termos de pessoal em 2013, devido à gravidade da crise financeira internacional”, afirmou.
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