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quinta-feira, 28 de março de 2013

Jogadores desmaiam de fome e ficam sem atendimento médico no Sergipe

 A pouco mais de um ano de ser a sede da Copa do Mundo, o Brasil ainda passa por situações no futebol dignas de um país subdesenvolvido. Dois jogadores do América-SE, clube modesto do interior do Sergipe, sofreram com falta de comida na derrota por 3 a 0 para o Confiança pelo campeonato local. Um chegou a desmaiar e outro passou mais de uma hora sem atendimento médico.

“No final do jogo deu uma tontura, caí no campo e depois tentei sair. Parei para dar entrevista, não queria falar o que estava acontecendo. Mas não aguentei não. Senti tontura, forte dor de cabeça e acabei falando que estava passando mal”, admitiu o zagueiro Thiago Arapiraca.

“O bombeiro veio e perguntou se eu tinha me alimentando. No primeiro momento menti, falei que tinha. Depois falei que tinha almoçado às 12h30 e só comemos biscoito recheado perto do jogo [às 20h]”.

Enquanto concedia entrevista, Thiago contou que era advertido pelos seus companheiros de equipe a não falar, pois eles estavam com medo de uma retaliação da diretoria do América-SE, que segundo relatos da Rádio Jornal sequer estava no estádio Lourival Batista para apoiar os atletas.

“Desde quando cheguei ao clube, vi que estava acontecendo isso. Sei que pode prejudicar minha carreira [falar sobre o caso], mas tem que ver a minha saúde né”, justificou o zagueiro, que diz ganhar “em dia” um salário mínimo mensal do América-SE.

Thiago desmaiou no segundo tempo e foi prontamente atendido pela ambulância que estava no local. Seu companheiro de equipe, o atacante Murilo, passou por situação pior. Ele sentiu tontura quando a partida já havia terminado, e não tinha ninguém para atendê-lo.  

A ambulância só chegou ao estádio por volta de meia noite, duas horas depois do final da partida. Enquanto isso, os atletas e profissionais de imprensa que acompanharam o jogo se mobilizaram para ajudar Murilo com água e comida. Quando o socorro médico chegou, o atacante foi encaminhado para a ambulância sob gritos de "força" dos amigos. Ele recebeu alimentação e logo depois foi liberado. 

Ainda segundo a Rádio Jornal, muitos companheiros do atacante choraram por causa da situação. Como o América-SE é situado na cidade de Propriá, que fica a cerca de 1h30 de Aracaju, o ônibus da delegação só pôde deixar a cidade depois que ele foi atendidos.

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