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domingo, 7 de outubro de 2012

É a política, minha gente


    Do ponto de vista da cidade, enquanto estrutura urbana, qual o saldo da campanha eleitoral de Fortaleza? Caso fizéssemos essa pergunta aos principais candidatos, a resposta certamente seria tão óbvia quanto foi o conjunto de propostas por eles apresentadas ao eleitor. Algo muito superficial.
Para variar, a verdade se perdeu em meio ao tradicional confronto político. Tudo foi exposto de acordo com o ponto de vista conveniente de uns e de outros. Muitas meias verdades se confundindo com pequenas e grandes mentiras.
 
Há sim um conjunto de propostas oriundas da boca de cada candidato. Porém, trata-se de um amontoado de lugares comuns que servem para Fortaleza, Recife, Salvador, Porto Alegre... Vamos a algumas comuns a todos: contratar mais médicos, melhorar postos de saúde, educação integral, construir casas populares... e por aí vai. Anotem: será exatamente da mesma forma na próxima campanha.
 
Sem oposição digna do nome, a atual administração não se preocupou em profissionalizar o modelo de gestão. O projeto de cidade estava na cabeça da prefeita tanto quanto o projeto de Estado está na cabeça do atual governador.
 
Não cabia outra atitude ao candidato da situação senão defender com ardor o legado posto. Sem a prática cotidiana da oposição, os “opositores” de afogadilho lançaram-se na disputa surfando na fadiga de material naturalmente sofrido pelo PT. Uma certeza: fosse a gestão de Luizianne Lins melhor avaliada nem sequer haveria um “opositor” do PSB. As duas siglas estariam solenemente aliadas e camaradas. Alguém duvida?
 
O conto da Carochinha dessa campanha é a conversa de que o PSB lançou candidato por avaliar que o atual projeto não atendia os interesses da cidade e porque a prefeita não abriu a discussão com aliados para escolher o candidato. Na verdade, o PSB lançou candidato para atender às demandas de um projeto de poder que ganhou boas condições de se viabilizar diante dos desgastes da atual gestão. Ciro Gomes tinha isso em mente desde 2008. Anotem: será assim em 2014 se o PT decidir romper com o PSB e lançar candidato próprio em “oposição”. É a política, minha gente.
 
Mas, há um saldo para a cidade? Até aqui, é difícil de registrar. Afinal, não se elabora um projeto de cidade em dois meses de campanha eleitoral. O curioso é que há sim uma pauta disponível para ancorar um bom e vigoroso debate. Uma pauta que saiu da cabeça de Luizianne Lins (a sua própria gestão) e outra que saiu da cabeça do governador. Esta se concretiza com as muitas (e de grande porte) intervenções da gestão estadual na cidade e que simplesmente não entraram nas discussões eleitorais.
 
No mais, senhoras e senhores, bons votos. Convido-os a acompanhar a melhor e mais inteligente cobertura do dia da eleição via TV O POVO. Estarei por lá.
 
O REFORÇO
O debate entre os candidatos praticamente não levou em consideração as obras do Governo do Ceará em Fortaleza, mas, ao seu modo, o Palácio da Abolição soube jogar politicamente com o peso delas. A legislação eleitoral proíbe a publicidade da Prefeitura durante a eleição municipal, mas o Governo está livre para anunciar. Resultado: há uma avalanche de propagandas, principalmente nas televisões e em horário nobre, dos feitos do Governo do Ceará. O grosso das propagandas institucionais apresenta obras estaduais justamente em Fortaleza. É o caso do metrô, que é feito com recursos do Governo Federal. Certamente, as propagandas vão continuar durante a campanha do segundo turno.

HÁ CORAGEM?
De Enrique Penãlosa, ex-prefeito de Bogotá: “Devemos pensar em cidades para os mais vulneráveis. Para as crianças, os idosos, os que se movimentam em cadeiras de rodas, para os mais pobres. Se a cidade for boa para eles, será também para os demais. Se o prefeito resolver acabar com áreas de estacionamento para ampliar calçadas e ciclovias, haverá muita reclamação. Vão dizer: onde vamos estacionar? O prefeito, então, pode responder: isso não é responsabilidade minha, é um problema privado. O estacionamento não é um direito adquirido”. Ninguém se habilitou a assumir algo do tipo no primeiro turno. Alguém se habilitará no segundo?

BRASIL BRASILEIRO
Conhecem a Teoria da Jabuticaba? É tudo aquilo que só existe no Brasil, como o é essa saborosa fruta selvagem da respeitada família das mirtáceas. Pois é, jabuticabas costumam ser bastante vistas em campanhas eleitorais. Dois exemplos: o horário eleitoral gratuito (que não é gratuito) é uma frondosa jabuticabeira. Só existe no Brasil, foi plantada na ditadura (Lei Falcão) e mantida pela democracia. Outra grande jabuticabeira: Justiça Eleitoral, uma invenção genuinamente nacional. Nossos políticos também são grandes cultivadores de jabuticabas quando se especializam em arranjar soluções simples e geralmente equivocadas para cada problema complexo que lhes apresentam.
 
PANGARÉS
Vocês sabem como se monta um projeto de Governo de última hora? Simples: contrata-se um conjunto de pesquisas quantitativas e qualitativas com o objetivo de apurar quais os anseios dos eleitores. Feito isso, contrata-se um ou outro acadêmico mais desocupado com a encomenda de elaborar um diagnóstico e as soluções. O resultado é um show de obviedades para martelar a cabeça dos eleitores durante os 45 dias do horário gratuito. A propósito, uma vez perguntaram a Henry Ford, o gênio capitalista criador do sistema de produção em massa, se ele usava pesquisas para saber o que os consumidores precisavam. Sua resposta foi a seguinte: “Se eu perguntasse a meus compradores o que eles queriam, teriam dito que era um cavalo mais rápido”. Nossos candidatos só oferecem cavalos aos eleitores.

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