Se dependesse da maioria dos outros países do globo, Barack Obama provavelmente seria reeleito com franca maioria, realidade bem diversa do empate que apontam as pesquisas em seu próprio País. A imagem fora das próprias fronteiras é outra, em parte, devido ao carisma do atual presidente e à postura mais flexível em relação à política internacional - determinantes para a percepção perante outros povos acima de qualquer outra coisa. Também não era muito diferente, por exemplo, em relação aos ex-presidentes brasileiros Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT), extremamente populares no Exterior mesmo nos momentos de maior questionamento interno. Como dizia Millôr Fernandes, “quão maravilhosas são as pessoas que não conhecemos bem”.
A questão, evidentemente, não seria cadastrar a população mundial inteira como eleitora dos Estados Unidos. O que fica exposto é o impasse em que os Estados nacionais se situam: pequenos para resolver alguns problemas e grandes demais para lidar com outros. A forma como o mundo hoje se organiza desloca e a transforma as noções de cidadania e soberania. Cenário no qual é a governança global que precisa se reinventar. As atuais estruturas de gestão e participação estão limitadas diante dos novos jogos de poder.
A CASA DOS PREFEITOS
Curiosidade: quatro dos seis prefeitos de Fortaleza eleitos no pós-redemocratização saíram da Assembleia Legislativa para o Paço Municipal. Maria Luiza Fontenele era deputada estadual na segunda legislatura quando se elegeu, em 1985. Ciro Gomes estava no segundo mandato – o primeiro exercera como suplente – e era líder do governo Tasso Jereissati quando venceu aquela que permanece a mais apertada disputa da história de Fortaleza desde a reconquista da democracia. Luizianne Lins estava no meio de seu primeiro mandato de deputada estadual ao ser eleita. E, agora, o presidente da Casa, Roberto Cláudio, chega ao comando do Município.
A exceção no período foi o ciclo Juraci Magalhães, com a particularidade de ter se iniciado com a renúncia de Ciro, que deixou o cargo para seu vice. Em seguida, já extremamente popular em função das muitas obras executadas, fez seu sucessor o então desconhecido Antônio Cambraia. Mais tarde, Juraci retornou ao cargo e foi ainda reeleito. Mas, à exceção dos dois, todos os outros prefeitos eleitos desde o fim da ditadura militar eram deputados estaduais.
JÁ EM BRASÍLIA...
Igualmente curioso é que, enquanto os deputados estaduais fazem sucesso em eleições na Capital, nenhum deputado federal ou senador conseguiu se eleger para o cargo nas últimas três décadas. E não por falta de tentativas: Inácio Arruda, Moroni Torgan e Patrícia Saboya são exemplos. Talvez seja mera coincidência. Mas, em parte, há de se considerar que os parlamentares estaduais estão mais próximos do dia a dia da cidade, dos problemas, da população, do noticiário cotidiano que os membros da bancada federal.
Por outro lado, a Câmara dos Deputados se tornou o destino quase natural daqueles que deixaram a Prefeitura. Maria Luiza, Cambraia e, mais de uma década após deixar o cargo, também Ciro Gomes acabaram se elegendo deputados federais. Juraci se candidatou em 2006, mas perdeu. Ou seja, no pós-redemocratização, 100% dos gestores da Capital se candidataram a cargo na Câmara dos Deputados. Será que Luizianne irá manter ou quebrar a escrita?
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