Um sol de rachar, clima seco e áspero no ar, uma vegetação que a cada instante se perde do verde ao cinza, animais esquálidos, semblantes franzidos e olhos atentos a contemplar um horizonte que parece cada vez mais distante. Esse é o cenário que denuncia a súplica de um povo, ávido por chuva. E ela não vem.
Em várias regiões do sul do Ceará, a paisagem é de total desolação: animais estão morrendo à míngua, criadores apreensivos com os prejuízos que se somam aos inviáveis investimentos e infinitas interrogações sobre o que vai acontecer.
No Distrito de Jurema, zona rural de Baixio, região Centro Sul do Estado, o pecuarista Francisco Correia da Silva (Tiquinho) é um exemplo de luta contra as adversidades do tempo. Relevante produtor de leite na região, ele já sente todas as suas reservas de silagem se esgotarem, o pequeno barreiro ao lado de casa já apresenta as rachaduras típicas de uma seca cruel e as palavras antes esperançosas já não carregam o mesmo ânimo de dias atrás. “Se não chover nesses próximos 40 dias, só Deus sabe o que vai acontecer”, diz ele,angustiado.
Para piorar a falta de chuvas na região, moradores do Centro Sul são obrigados a suportar altas temperaturas nessa época do ano, algo oscilando em torno de 35 e 37 graus. Sertanejos que sentem na pele e no bolso o drama de uma vida marcada por dificuldades, e muitas vezes exclusão, encontram em Deus, nos seus santos de devoção e nas singelas melodias, um alento para continuarem esperando pelo dia de amanhã, como a canção de Luiz Gonzaga, a clássica ”Súplica Cearense’
“Senhor, eu pedi para o sol se esconder um tiquinho
Pedir pra chover, mas chover de mansinho
Pra ver se nascia uma planta no chão
Pedir pra chover, mas chover de mansinho
Pra ver se nascia uma planta no chão
Oh! Deus, se eu não rezei direito o Senhor me perdoe,
Eu acho que a culpa foi
Desse pobre que nem sabe fazer oração
Eu acho que a culpa foi
Desse pobre que nem sabe fazer oração
Meu Deus, perdoe eu encher os meus olhos de água
E ter-lhe pedido cheinho de mágoa
Pro sol inclemente se arretirar
E ter-lhe pedido cheinho de mágoa
Pro sol inclemente se arretirar
Desculpe eu pedir a toda hora pra chegar o inverno
Desculpe eu pedir para acabar com o inferno
Que sempre queimou o meu Ceará”
Desculpe eu pedir para acabar com o inferno
Que sempre queimou o meu Ceará”
Por> Luis Carlos Coutinho
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