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segunda-feira, 18 de junho de 2012

Produção de castanha-do-Pará vira atividade lucrativa para agricultores

Nesses dias de Rio+20, com o tema da sustentabilidade em alta, o Brasil tem para mostrar um exemplo positivo de produção econômica e de preservação ambiental.
Povos indígenas e agricultores assentados de Mato Grosso estão ganhando um bom dinheiro com a castanha-do-pará. O preço nunca esteve tão alto: até R$ 3 o quilo. Na safra, os irmãos Massola, migrantes catarinenses, catam em média dois mil ouriços por dia, que eles quebram na própria mata para obter a castanha.
“Vai gerar na faixa de 30 latas, 300 quilos. Rende R$ 900 por dia. Acho que melhor não precisa. Melhor, estraga”, brinca o agricultor Sedemir Massola.
Os índios Zoró vivem um momento de recuperação cultural. A castanha tem muito a ver com isso. Antes de organizarem uma associação para vender castanha, a maior parte do dinheiro que entrava na aldeia vinha da exploração ilegal de madeira. Os índios permitiam a entrada de madeireiros na reserva a troco de migalhas. O colhedor de castanha Sócrates Zoró explorou madeira no passado. O ganho era incerto e ele desistiu. Com a castanha, na última safra, ele e os filhos receberam R$ 11.517.
“Venda desse castanha é dinheiro à vista”, diz Sócrates.
Em um ritual, as mulheres Zoró preparam alimentos que levam castanha. Na hora do almoço, a equipe do JN foi recebida na aldeia com uma comida especial: um peixe pintado, assado na brasa, com palha de babaçu. Também havia palha de babaçu, mas o que se tinha era uma paçoca, feita de castanha, misturada com carne de porco. É isso que foi feito no ritual.
A castanha é um alimento bem conhecido dos Zoró, mas só virou produto valorizado depois que eles se aliaram a uma cooperativa de agricultores assentados e, assim, conseguiram dominar o processo, que vai da coleta até a venda da amêndoa, a R$ 25 o quilo. O óleo é comprado por uma indústria de cosméticos a R$ 32 o litro.
É um sucesso, mas limitado. O extrativismo não madeireiro - amêndoas, frutas, fibras, resinas - representa apenas 0,02% do PIB brasileiro.
“Existe já certa disponibilidade de recursos para realizar esse trabalho, mas ainda falta muita formação, capacitação das pessoas, das comunidades para acessar esses recursos e iniciar esse trabalho”, explica o agrônomo Paulo César Nunes.
Quem chegou lá está entusiasmado. Os irmãos Massola até numeraram as 800 castanheiras que exploram. Vai ser difícil alguém derrubar esta mata.
“Tanto que lutamos para ter ela de pé aqui, do jeito que ela está aqui, nós lutamos muito. Então, para nós, é muito bom, sabe. É um patrimônio enorme para a gente”, conclui Sedemir Massola.

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