Vem ao Rio de Janeiro esta semana o filho mais novo do casal Rosenberg. Julius e Ethel Rosenberg foram executados nos Estados Unidos, há quase 60 anos, acusados de vender segredos da bomba atômica. O filho Robert se transformou em um ativista pela paz e faz palestras mundo afora sobre a história de seus pais.
As memórias de uma infância trágica acompanham este homem há seis décadas.
Os pais de Robert Meeropol, nascido Robert Rosenberg, foram presos quando ele tinha 3 anos e executados na cadeira elétrica quando ele tinha 6."Eu me lembro não só daquele dia, mas da semana inteira. Meu irmão - que era mais velho - me contou que eles estavam mortos. Mas eu não queria acreditar nele”, lembra.
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Robert é filho de Julius e Ethel Rosenberg - judeus, comunistas, moradores de Nova York. O pesadelo começou em julho de 1950. Ethel tinha acabado de retirar a mesa do jantar no apartamento da família em uma rua de Nova York. Foi quando agentes do FBI entraram e levaram Julius. Depois de 24 dias, ela também foi presa.
A acusação: Julius e Ethel teriam vendido para a União Soviética segredos sobre a criação da bomba atômica. Era um período de intensa patrulha anticomunista e perseguição política nos Estados Unidos.
De uma hora para outra, Robert e o irmão Michael perderam tudo. "Minha avó materna nos jogou em um abrigo. Nenhum parente quis ficar com a gente, todos tinham medo", conta.
Julis e Ethel ficaram presos na penitenciária Sing Sing, a 60 quilômetros de Nova York, e onde até hoje funciona uma prisão de segurança máxima. Eles sempre declararam inocência, mas foram julgados e condenados à pena de morte.
Robert e Michael foram adotados pelo casal Meeropol, sobrenome que eles usaram por muito tempo. Nos anos de faculdade, eles retomaram o "Rosenberg" e começaram uma cruzada para jogar luz sobre o passado.
A história virou livro, filme e documentários. Um deles - dos diretores Robert e Clara Kuperberg - está inédito no Brasil e será exibido no Rio.
O rabino Nilton Bonder convidou o próprio Robert para dar palestras marcando o aniversário de 59 anos da execução.
“Eu acho que é muito bonito. Os dois, órfãos, ele e o irmão Michael, teriam tudo para extravasar todo o sentimento. Porque, imagina, duas crianças na idade de três anos que eles tinham, sendo abandonadas no mundo por força da sociedade que estava matando os pais deles. Então, eles realmente levam isso como uma lição de vida. Trazem essa história dos pais e traduzem isso nesse desejo de que as instituições democráticas se fortaleçam para que isso não volte a acontecer de novo”, comenta o rabino.
Segundo o FBI, documentos analisados na década de 1990 mostraram que Julius era mesmo um espião russo. Mas nunca ficou provado que ele tivesse vendido informações sobre a bomba atômica. Ainda hoje nada confirma atividades ilegais de Ethel.
Há 22 anos, Robert se dedica à Fundação Rosenberg, para crianças, mantida com doações. "Nós cuidamos de famílias que estejam vivendo um pesadelo parecido com o que a nossa viveu. Pais que se envolveram em problemas, que perderam o emprego ou que poderiam acabar na prisão. Cuidamos da educação e damos assistência emocional aos filhos dessas pessoas, com qualidade. Para que elas não passem pelo que nós passamos”, diz Robert.
As palestras de Robert Meeropol serão na segunda-feira (18) e na terça (19), no Midrash Centro Cultural, da congregação judaica do Brasil, no Rio.
segunda-feira, 18 de junho de 2012
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