NÚMERO DE DENÚNCIAS | ||
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COMUNIDADE | 2011 (ano) | 2012 (jan-mar) |
ROCINHA | - | 13 |
CIDADE DE DEUS | 35 | 12 |
FORMIGA/BOREL/CASA BRANCA/CHÁCARA DO CÉU | 30 | 8 |
COROA/FALLET/FOGUETEIRO | 41 | 8 |
Segundo o coronel, os desvios – desde pequenas falhas até os casos mais graves - atingem 1% dos cerca de 4 mil policiais lotados nas 19 UPPs. Mas ele alega que muitas denúncias são reações dos criminosos ou de moradores que não estão acostumados a serem patrulhados. Essa reação dos insatisfeitos – que resulta em falsos comunicados – é chamada de contrainformação, popularmente conhecida como “disque-vingança”. A PM não sabe informar qual o índice de denúncias apuradas refere-se a "disque-vinganças".
Um oficial da cúpula da PM confirma que muitos informes que chegam à corregedoria da PM são falsos. Mas ele informa que, mesmo quando há indícios de que a denúncia é consistente, normalmente não há dados suficientes que possibilitem o prosseguimento das investigações.
Rocinha tem mais denúnciasA Rocinha encabeça o ranking das ligações para o Disque-Denúncia sobre corrupção e outros desvios de conduta de policiais em áreas ocupadas pelas forças de pacificação no Rio, no primeiro trimestre deste ano. Levantamento feito pelo Disque-Denúncia a pedido do G1 mostra que das 111 queixas recebidas nesse período, 13 são referentes à comunidade de São Conrado, na Zona Sul, onde atualmente atuam 700 policiais.
Em seguida estão Cidade de Deus, onde atuam 344 PMs e há 12 denúncias, e os conjuntos de favelas da Tijuca (Formiga ,Casa Branca, Borel e Chácara do Céu) e do Rio Comprido (Coroa, Fallet e Fogueteiro), com oito queixas cada um. Na Tijuca o efetivo é de 278 policiais e, no Rio Comprido, 206.
Segundo o Disque-Denúncia, todas as informações são encaminhadas para os setores de correição da polícia, para posterior averiguação.
Das 111 denúncias denúncias sobre desvios diversos e corrupção do primeiro trimestre, 13 citam nominalmente os envolvidos. Em 2011, foram cadastradas 378 denúncias sobre o problema nas áreas pacificadas.
Embora na maioria das ligações feitas no ano passado haja detalhes sobre a dinâmica dos fatos, 72 trazem nomes e 28 informam números de carros de polícia. A comunidade com mais denúncias em 2011, com 41 ligações, foi Coroa/Fallet/Fogueteiro, onde alguns policiais foram presos por recebimento de propina. Em segundo vem a Cidade de Deus (35) e, em terceiro, as quatro favelas da Tijuca, com 30 ligações. A Rocinha não entrou no levantamento porque só foi ocupada a partir de novembro.


O Disque-Denúncia não tem sido o único canal de denúncias. Além das corregedorias da polícia, outros órgãos têm recebido essas informações - entre eles a Polícia Federal e as comissões de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa e da Câmara Municipal - e encaminhado aos setores competentes de investigação.

(Foto: Marcelo Ahmed/G1)
Na Rocinha, a apreensão entre os moradores ainda é grande, principalmente em função dos frequentes assassinatos e a recente morte de um policial. A resposta das autoridades foi o reforço do policiamento. Nas vias principais e até nos becos, o patrulhamento é ostensivo. A Secretaria estadual de Segurança Pública confirma a investigação do pagamento de propinas a policiais na comunidade e informa que não vai recuar por conta da reação do tráfico.
Policiais presosO secretário José Mariano Beltrame considera que o plano de segurança não pode ser alterado por conta de possíveis desvios de policiais. ”Há, como houve no Fallet/Fogueteiro, quem fez (a investigação) foi a inteligência da Polícia Militar. A PM também tem sistema de supervisão nessas áreas que busca diminuir isso, mas não podemos deixar de ocupar essas área por medo, porque vai haver corrupção”, afirmou Beltrame.
O secretário referia-se ao caso de corrupção desarticulado em setembro do ano passado, em que três policiais daquela UPP, situada no Rio Comprido, foram presos por receberem propina de traficantes. Em fevereiro, o ex-comandante da UPP do Morro São Carlos também foi preso, além de um soldado do Fallet/Fogueteiro, pelo mesmo motivo: corrupção. O comandante foi flagrado em grampo falando diretamente com o chefe do tráfico.

(Foto: Marcelo Ahmed/G1)
Storani alerta para os riscos de, não havendo empenho no social, a UPP ter o mesmo fim que experiências anteriores. “Não tendo esses desdobramentos, a UPP está fadada ao que aconteceu com os DPOs (Destacamentos de Policiamento Ostensivo) e o Gepae (Grupo de Policiamento em Áreas Especiais)”, diz o especialista, lembrando as iniciativas de ocupação de comunidades em governos anteriores.
Promessa de que nada será como antes
O coordenador de Polícia Pacificadora diz que as experiências são diferentes. “O que mudou foi o foco. Aprendemos com os processos passados, que não vejo como fracassados. A realidade que temos hoje é a legitimidade da ação policial”, afirmou Rogério Seabra, que também defende um alto investimento em projetos de cidadania. “O ideal da UPP é a não UPP”, afirma, para explicar que o ideal em uma comunidade é que não seja necessária a presença policial.
Para o professor da Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro) Ignacio Cano, a prioridade deve ser o combate à violência. “É claro que a polícia não pode ser conivente e não pode receber dinheiro pra deixar que isso aconteça. Se surpreender alguém fazendo isso, tem que prender, mas a polícia tem que priorizar outras coisas e deixar isso pra trás. Esse foco no tráfico tem-se provado na nossa sociedade extremamente pernicioso. Tem que priorizar, fornecer segurança para a comunidade”, afirma Ignacio.
Segundo a Polícia Militar, existem três principais canais para encaminhamento de denúncias: além do Disque-Denúncia, pode ser procurados a Ouvidoria de Polícia (3399-1199) e o Fale com o CPP (2333-2753).

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