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quinta-feira, 19 de abril de 2012

Arquivo secreto mostra que grupo de pai de Obama preocupou EUA

   WASHINGTON - Arquivos secretos do governo britânico mostram que autoridades americanas e britânicas expressaram preocupação com estudantes vindos do Quênia aos EUA, no mesmo ano em que o pai queniano de Barack Obama se matriculou em uma universidade americana.
Estudantes do Quênia eram alvo de preocupação - AP
AP
Estudantes do Quênia eram alvo de preocupação
Os arquivos secretos da época dos governos coloniais britânicos, antes dados como perdidos, foram revelados pela Chancelaria da Grã-Bretanha nesta quarta-feira. Alguns dos documentos revelam episódios polêmicos da história colonial britânica, como uma rebelião no Quênia (ex-colônia) e problemas em países da Ásia.
Segundo esses documentos, autoridades coloniais britânicas no Quênia e o Departamento de Estado americano tinham temores em relação à primeira grande leva de estudantes quenianos a chegar nas universidades americanas, da qual o pai de Barack Obama fazia parte.
Os arquivos trazem listas com nomes dos quenianos que começaram a estudar nos Estados Unidos em 1959, entre eles "Obama Barrack H", que se matriculou na Universidade do Havaí.
Aos 23 anos de idade, ele foi o primeiro estudante africano da instituição de ensino americana.
Barack Obama escreveu sobre seu pai com orgulho em seu livro de memórias Dream From My Father ("Sonho de Meu Pai", em tradução livre).
Ele escreveu sobre como o pai foi "escolhido por líderes quenianos e patrocinadores americanos para frequentar uma universidade nos Estados Unidos, se juntando à primeira grande leva de africanos enviados para aprender sobre a tecnologia ocidental e levar de volta (o conhecimento) para forjar uma África nova, moderna".
Apesar dos temores de autoridades britânicas e americanas, não há registros de que algum diplomata britânico tenha entrado em contato com o pai de Obama.
Ele continuou os estudos e se casou com Anne Durham em 1961. Barack Obama nasceu ainda naquele ano.
'Anti-brancos'
Na época, a Fundação dos Estudantes Afro-americanos nos Estados Unidos levantou verbas para trazer os estudantes africanos e, como parte da campanha, afirmava que "no Quênia, hoje, a educação superior não está disponível para os africanos".
As autoridades britânicas se sentiram ofendidas pela afirmação e refutaram-na em uma nota redigida pelo Escritório de Informação da embaixada britânica em Washington, em setembro de 1959.
Um diplomata afirmou que 451 quenianos estavam matriculados no ensino superior, na África, na Grã-Bretanha e no Canadá, com bolsas de estudo dadas pelo governo do Quênia.
Segundo documentos, o diplomata afirmou que os estudantes que estavam nos Estados Unidos tinham sido selecionados pessoalmente pelos patrocinadores do programa, que escolheram os candidatos quase que totalmente baseados em seus grupos tribais.
Ele questionou a competência dos estudantes que conseguiram bolsas de estudo nos Estados Unidos.
"Os motivos por trás desta iniciativa, então, parecem ser mais políticos do que educacionais", afirmava o diplomata, acrescentando que a chegada dos estudantes, muitos deles "mal preparados", poderia causar problemas.
A embaixada britânica em Washington consultou o Departamento de Estado americano. De acordo com um telegrama enviado de volta para o governo britânico em Londres e o governo colonial em Nairóbi, aparentemente, os americanos estavam "tão preocupados com esses acontecimentos quanto (os britânicos)".
Autoridades americanas disseram aos diplomatas britânicos que os estudantes quenianos tinham má reputação, devido ao fato de terem se "transformado em antiamericanos e antibrancos".
Mas as autoridades britânicas e americanas afirmaram que nada poderia ser feito.
"O melhor que podemos esperar é exercer alguma influência sobre eles enquanto eles estão aqui", escreveu a autoridade.

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