polícia de Massachusetts, nos EUA, confirmou, via Twitter, que o suspeito pelo atentado na Maratona de Boston, Dzhokhar Tsarnaev, 19, foi preso na noite desta sexta-feira (19) em Watertown, cidade vizinha à Boston, após 23 horas de buscas. Horas antes, moradores da cidade dizem ter ouvido tiros em uma rua local, onde mais de 70 policiais se concentraram logo após o telefonema de um morador à polícia.
O atentado ocorrido durante a Maratona de Boston na última segunda-feira (15) deixou três mortos e mais de 170 feridos. Cerca de dez feridos ainda estão internados em um hospital de Boston, três em estado grave.
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, destacou na noite desta sexta a ação da polícia e disse que as investigações continuarão para saber se os suspeitos são ligados à alguma organização terrorista."Fechamos um capítulo muito importante desta tragédia", disse Obama.
O governador de Massachusetts, Deval Patrick, afirmou durante pronunciamento oficial que a investigação "foi muito difícil", mas que a detenção foi possível graças a união dos policiais. O suspeito foi levado preso dentro de uma ambulância, ele está em estado grave. Informações da imprensa americana dizem que ele foi baleado no pescoço e na perna, mas a polícia não confirma.
Ao informarem sobre a prisão, a polícia de Boston declarou no twitter: "A caçada acabou. A busca acabou. O terror acabou. E a Justiça venceu".
A notícia da prisão foi recebida com festa pelos moradores de Watertown e Boston, que saudaram a polícia com palmas e saíram as ruas aos gritos de "Boston" e "América".
Caçada cinematográfica
Os tiros teriam sido ouvidos no começo da noite desta sexta na rua Franklin, em Watertown, segundo o jornal "The Boston Globe". As primeiras informações indicavam que o suspeito estaria escondido em alguma casa da rua. Em seguida, a polícia desconfiou que Dzhokhar estivesse dentro de um barco coberto por uma lona, localizado no jardim dessa residência.
O suspeito foi encontrado dentro do barco com o corpo banhado em sangue. A cor vermelha foi o que chamou atenção do morador da casa cuja embarcação estava estacionada, segundo a polícia.
Como a visão era pouco nítida, a Swat --polícia de elite dos EUA--, que também participou da operação, usou granadas para dispersar o suspeito e, com isso, pode desarmá-lo, segundo informações da imprensa americana. Autoridades pediram muita cautela na busca durante a operação, pois deveriam trabalhar com a possibilidade de Dzhokhar estar portanto bombas no próprio corpo.
Dzhokhar Tsarnaev e Tamerlan Tsarnaev, 26, morto ontem pela polícia, são apontados pelo FBI --polícia federal norte-americana-- como responsáveis pelas duas explosões da maratona. Segundo o FBI, as explosões foram provocadas por bombas caseiras, montadas em panelas de pressão e transportadas em mochilas deixadas no local das explosões, onde havia uma concentração de milhares de pessoas.
Os dois são russos, provenientes de uma região próxima à Chechênia, e residentes legais nos Estados Unidos há no mínimo um ano. Informações ainda não confirmadas dizem que o mais velho teria recebido o visto de permanência no país em 2007, enquanto o irmão mais jovem recebera o seu em 11 de setembro do ano passado.
Perseguição
Até a prisão do segundo suspeito, um enorme grupo de policiais composto pelas polícias local e estadual, agentes da Swat e do FBI fizeram uma varredura pelas ruas do subúrbio de Boston e de Watertown atrás de Dzhokhar.
O irmão mais velho foi morto durante uma megaoperação policial que começou com um tiroteio por volta das 22h30 (23h30 horário de Brasília) de quinta-feira (18), no MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts), onde um policial também foi morto dentro do campus universitário da instituição, em Cambridge, na região metropolitana de Boston, durante uma troca de tiros.
O médico que recebeu Talerman ferido disse que ele sofreu múltiplas lesões e morreu após uma parada cardiorrespiratória. Questionado sobre a quantidade de tiros que o jovem levou, o médico afirmou ser "incapaz de contar".
Depois das mortes, as autoridades isolaram uma parte da localidade de Watertown e orientaram os moradores a não saírem de casa nem abrir as portas, enquanto agentes iam de casa em casa numa área de 20 quarteirões em busca do suspeito, descrito como armado e perigoso.
Na tarde desta sexta-feira, um porta-voz policial disse que 60 a 70% da área das buscas já havia sido coberta.
Dois helicópteros Black Hawk sobrevoavam a área. A empresa ferroviária Amtrak decidiu suspender por tempo indeterminado o serviço entre Boston e Nova York, que voltou a funcionar na noite desta sexta. O time de beisebol Boston Red Sox adiou o jogo que faria na mesma noite no histórico Fenway Park.
País e família de suspeitos protestam
Os fatos motivaram uma reação de Moscou condenando o terrorismo, e do dirigente pró-russo da Chechênia criticando a polícia de Boston por matar um cidadão com origem étnica na região. Ele disse que a violência foi motivada pela criação que os rapazes tiveram nos EUA.
"Eles cresceram e estudaram nos Estados Unidos, e suas atitudes e crenças foram formadas lá", disse Ramzan Kadyrov em declarações divulgadas pela internet. Qualquer tentativa de estabelecer uma conexão entre a Chechênia e os Tsarnaevs é em vão."
Um homem que disse ser tio deles afirmou que os irmãos chegaram aos EUA no começo da década passada e se estabeleceram na região de Cambridge, cidade vizinha a Boston.
"Eu digo o que eu acho que está por trás disso --serem derrotados", disse Ruslan Tsarni a jornalistas nos arredores de Washington. "Não serem capazes de se estabelecerem e, portanto, odiarem todos que conseguiram."
Maret Tsarnaeva, tia dos irmãos, disse que não há provas contra seus sobrinhos e que desconfia da conduta do FBI.
Ligação com islamismo
Numa rede social, Dzhokhar se descreve como integrante de uma minoria do Cáucaso, área que abrange a Chechênia, o Daguestão e a Inguchétia e venera o Islã.
MORADORES APLAUDEM POLICIAIS PELA CAPTURA DO SUSPEITO
Uma conta no Youtube em nome de Tsarnaev Tamerlane --mesmo nome do suspeito morto-- também continha conteúdo com conotação islâmica. Pela conta, criada em agosto de 2012 nos EUA, o usuário compartilhou vídeos relacionados ao islamismo, muito deles rotulados de "terroristas", que acabaram sendo bloqueados.
O pais dos irmãos, Anzor Tsarnaev, que mora na cidade russa de Makhachkala, disse à agência russa "Interfax" que o serviço secreto americano fez uma armadilha para seus filhos por eles serem "crentes muçulmanos". Ele ainda descreveu o filho mais novo, preso hoje, como"um verdadeiro anjo".
O FBI informou nesta sexta-feira que seus agentes interrogaram Tamerlan em 2011, a pedido de um governo estrangeiro, mas nenhuma informação suspeita foi encontrada na ocasião.
O líder da comunidade muçulmana de Boston, em Massachusetts (EUA), Yusufi Vali, condenou o atentado ocorrido na maratona da cidade nesta semana e afirmou nesta sexta-feira (19) que os suspeitos não tinham qualquer ligação com a religião, embora dissessem ser muçulmanos. O líder disse ainda ter medo de a comunidade muçulmana local sofrer represálias pelo ataque.
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