A certeza de inverno para este ano se torna cada vez mais distante. Quanto a isso, a ciência apenas confirma um prognóstico. A passagem do equinócio marca a mudança da estação para o outono, no hemisfério sul. Apesar das preces pela chuva que pode marcar um bom inverno para o senso comum, no Dia de São José, neste 19 de março, prevalece para a meteorologia com um ano de chuvas incipientes, abaixo da média e de forma isolada para o Estado do Ceará.
Essa foi a previsão divulgada no final de fevereiro, pela Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme). Com a estiagem, municípios no Estado já vivenciam racionamento. São inúmeros os animais que já morreram em função de fome e sede, com a falta de água e alimentos nos reservatórios.
Mito
A meteorologista Cláudia Rickes desmistifica a crença sertaneja, ao afirmar que a data do dia 19 nada tem a ver com o inverno. "Na verdade, prevalece o prognóstico", disse ela. Segundo a técnica, esse é um momento em que os raios solares são mais fortes no Nordeste, e principalmente no Ceará, por estar mais próximo da linha do Equador.
Com isso, passa a ser atingido com maior intensidade. Isso acontece um pouco antes do dia 20 de março, data que marca o equinócio, ou até alguns dias depois. É nesse mesmo período que ocorrem as mudanças de estação nos hemisférios. No Norte, entra a estação da primavera.
Em todo o Nordeste, há o clamor do agricultor pela chuva, pelo menos para garantir um pouco de água nos reservatórios e amenizar os efeitos da seca no sertão. Para o agricultor Francisco Alves, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais do Crato, esse tem sido um momento de grande sofrimento para as pessoas que sobrevivem do que tiram do campo. A esta altura, segundo ele, não há praticamente a possibilidade de se ter bons rendimentos na agricultura. "Mesmo com essa realidade, a gente nunca perde a fé e nem a confiança em Deus, em São José", diz ele.
Amenizar
Para o agricultor, uma boa chuva nesse momento é muito bem vinda. "Pode não trazer mais um bom inverno, mas com certeza ameniza o sofrimento das pessoas", enfatiza. Chico Alves conhece bem de perto essa realidade que o homem do campo tem vivenciado. "É de muito sofrimento, para quem espera apenas do céu a chuva chegar para plantar e colher", afirma.
Aos 63 anos, seu Chico Alves, com a experiência de uma infância vivida no campo, afirma que jamais vivenciou o que está acontecendo. Os dois últimos anos consecutivos de poucas chuvas, tem resultado na morte de milhares de animais no Estado. "Caso não chova, acredito que pelo menos 60% dos animais, vão morrer de fome esse ano, porque não temos onde buscar o alimento", constata o agricultor.
A ciência é irredutível diante da crença. A realidade dos estudos meteorológicos destaca a distância entre as duas coisas. "Se chover no dia 19 não há correlação com inverno. Não indica que as coisas vão mudar. Por enquanto o que se tem é essa realidade, com base em estudos", diz Cláudia, ao destacar o respeito da instituição, mesmo com essa perspectiva, ao agricultor cearense.
As mudanças climáticas, conforme o agricultor José Roberto Ferreira, do distrito de Arajara, em Barbalha, têm sido uma forma de também abalar um pouco a fé do agricultor por bons tempos de chuva. Para ele, hoje é muito difícil perceber sinais de inverno, por conta dessas oscilações. "A gente fica um pouco desacreditado", mas acrescenta que o importante mesmo é se apegar a fé. "É o que nos resta nesse momento", completa.
A fase que caracteriza o inverno no Estado começa no final de janeiro e se prolonga até o mês de maio. Na previsão dada pela Funceme, as chuvas este ano estarão abaixo da média. O anúncio tem se confirmado. Para o agricultor, não há mais possibilidade de se fazer um replantio, a esta altura da fase de estiagem. A safra está comprometida. "Mas seria essencial, nesse momento, pelo menos produzir o pasto e juntar água", diz ele.
Capacidade
Os açudes Manoel Balbino, em Juazeiro do Norte, e Mari, em Crato, estão com a capacidade mínima. Segundo o presidente do Sindicato, o maior reservatório de água no Município cratense está com 10% do volume de água que consegue acumular. "Se não chover de março até o mês de maio, com certeza vai ser um ano que nunca vi em minha vida", lamenta. Ele lembra que mesmo com a dificuldade de inverno enfrentada ano passado, por esse mesmo período já se via gente debulhando feijão. "Esse ano não tem nada", diz.
Mas, mesmo assim, destaca o otimismo do sertanejo, o homem de fé. Para ele, o agricultor sempre acredita no quem vem de bom, porque ele depende da agricultura. É humilde, é simples. "Só sabe essa realidade quem convive. O agricultor é um ser ofrido. A fé sustenta e isso é muito bom", afirma. A variação do dia de equinócio de primavera e de outono pode variar de ano para ano, devido o ano ter 365 dias e algumas horas.
Fique por dentro
Fenômeno acontece a partir do dia 21
Entre o dia 20 ou 21 e março de cada ano, acontece o equinócio, que representa a mudança de estação no hemisfério sul, para o outono, e no hemisfério norte, para a primavera. Com isso, a duração do dia é idêntica à da noite e os hemisférios norte e sul recebem a mesma quantidade de luz. Isso ocorre durante duas vezes ao ano, normalmente nos dias 21 de março e 23 de setembro.
É um período do ano, em que a temperatura aumenta significativamente. A crença popular atribui o Dia de São José, no próximo dia 19 de março, como data determinante para se confirmar o inverno. Ao padroeiro do Estado cearense, o sertanejo rende as suas últimas esperanças, com orações e várias manifestações de fé em todo o Estado.
Isso se explica, por ser um período do ano em que a luz solar incidirá com maior intensidade sobre um dos hemisférios, alternando em outra parte do ano, conforme o movimento do planeta. No entanto, em dois dias do ano, a Terra se situa em pontos onde os raios solares incidem perpendicularmente à linha do Equador, proporcionando a mesma distribuição de luz para os dois hemisférios, caracterizando o equinócio.
Mais informações:
Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Crato
Rua Pedro II, 56 - Centro
Crato - CE
Telefone: (88) 3523.3809
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segunda-feira, 18 de março de 2013
Vinda do papa Francisco eleva previsão de público da Jornada Mundial da Juventude para 2,5 milhões

O encontro ocorrerá no Rio, de 23 a 28 de julho, e se for confirmada a expectativa, será o segundo maior na história, superado apenas pela edição de 1995, em Manila, nas Filipinas, com 4 milhões de participantes. A vinda ao Brasil será a primeira viagem apostólica do papa Francisco.
“Nós estamos nos empenhando ainda mais, com esta grande novidade que a Igreja traz, que é o papa Francisco, o primeiro papa latino-americano. Haverá um aumento no número de peregrinos, para conhecer pessoalmente o novo papa, nesta que será a primeira viagem apostólica. Alguns falam que ele é quase um brasileiro, de tão próximo de nós que está. Os jovens vão se empenhar ainda mais para vir à Jornada Mundial da Juventude, o que nos faz trabalhar mais, para deixar bem preparada a jornada para este aumento de peregrinos”, disse padre Arnaldo.
O padre destacou que a logística de recepção do público está bem encaminhada, incluindo a grande área verde em Guaratiba, na zona oeste da cidade, onde ficarão acampados os jovens que assistirão à missa campal do papa Francisco, no domingo, 28 de julho, quando será anunciado o próximo país a receber o evento.
“Nós trabalhávamos com a expectativa de público entre 1,5 milhão e 2 milhões. Agora estamos trabalhando com a meta de 2 milhões a 2,5 milhões de peregrinos. Graças a Deus, temos um apoio muito grande dos três níveis de governo e de entidades particulares para atendermos a essa demanda de hospedagem, mas estamos contando muito com a ajuda das famílias para acolhermos esses peregrinos.”
Segundo padre Arnaldo, estão cadastradas 300 mil residências, mas o número necessário poderá oscilar entre 500 mil e 750 mil lares. Um bom número de fiéis deverá ficar instalado em colégios públicos, pois a jornada ocorrerá durante as férias de inverno. Como legado, ele disse que as escolas receberão melhorias, como nova pintura e reforma nas instalações.
A segurança do evento será feita pelos três níveis de governo, envolvendo forças federais, estaduais e do município, dentro do conceito de cidade segura. A previsão é que 60% dos participantes sejam da América do Sul. “Creio que agora teremos uma presença bem significativa de peregrinos da Argentina: no ranking de inscrições, eles estão em primeiro lugar, tanto como peregrinos quanto como voluntários.”
O calendário de eventos da jornada começa no dia 23 de julho, quando o arcebispo do Rio, dom Orani Tempesta, celebrará uma missa acolhendo os peregrinos no palco que será montado em Copacabana, próximo ao Leme. No dia 24 haverá atividades espalhadas pela cidade. No dia 25, também em Copacabana, os jovens acolherão o papa, no palco montado na praia.
No dia 26 haverá uma Via Sacra, em Copacabana, com a presença do papa, acompanhando e rezando com os jovens. No dia 27 ocorrerá uma vigília em Guaratiba, com a presença do papa. No dia 28 de julho, o papa Francisco rezará a missa campal pela manhã e após retornará ao Vaticano. O papa ficará hospedado na casa do arcebispo, no alto do Sumaré, mesmo local onde ficou João Paulo II, quando visitou a cidade.
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