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sábado, 8 de dezembro de 2012

Escola da RMF suspende aulas por causa da falta d´água

   Antes de ir à escola, Vitória Marinho dos Anjos, 9, tem de arrumar os livros, colocar o uniforme e preparar uma garrafa de água para conter a sede durante a tarde letiva. Na Escola Municipal Manoel Gomes de Moraes, no pequeno distrito de Mucunã, em Maracanaú, onde cursa o 4º ano, a água, quando tem, não sobe à caixa desde setembro último. A estrada carroçável até a localidade, por onde passam constantemente caminhões vindos de uma pedreira, revela um pouco da situação da região, com sua vegetação espinhenta e seca, sem um verde sequer.

“O jeito é beber pouca água, pra ela durar a tarde toda”, releva a menina. Quando a falta chega ao extremo, Vitória e os poucos mais de 50 estudantes são liberados mais cedo. E as aulas, compensadas aos sábados. A condição da escola foi agravada pela seca de 2012, a pior dos últimos 29 anos. Por conta da carência de chuva, o Governo do Ceará decretou situação de emergência em 174 municípios. Desses, nove são da Região Metropolitana de Fortaleza (RMF). O POVO visitou algumas escolas para saber de que forma a seca interfere nas salas de aula.

São cerca de 50 colégios nas cidades da RMF que têm problemas com abastecimento. Vinte e cinco deles somente em Caucaia, segundo o coordenador da Agricultura do Município, Henrique Matias. Na cidade, a situação é mais complicada nos distritos de Várzea do Meio, Brasília, Bom Princípio e Feijão. Em Cascavel, o total de escolas prejudicadas chega a 18.

O POVO mostrou nas edições dos dias 5 e 6 de setembro deste ano a condição de 2.556 famílias com falta de abastecimento de água, a partir de dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Segundo o instituto, existem casas com ausência de encanamento em 52 distritos, além das sedes, em todas as cidades da RMF.

Aperreada com a situação da escola, a dona de casa Edna Marinho Araújo, 26, mãe de Vitória, fala que o colégio tem bons professores, mas diz que água é problema de sempre. Há algum tempo, ela não recorda quando, a escola interrompeu as aulas por não ter água. “Minha menina gosta é muito de lá, mas não tem condições de a escola funcionar sem água.” A falta, além de prejudicar a alimentação das crianças, também interfere na limpeza dos banheiros e no banho dos professores que ensinam nos dois turnos no distrito
 
Sem intervalo
Em Maranguape, a condição não é diferente. A Escola Municipal João Arino Nogueira, no distrito de Tabatinga, é bem cuidada, preservada e limpa, mas estava há três semanas sem água. Os 838 alunos eram liberados mais cedo justamente por não ter água para beber. E não há reposição das aulas porque o tempo que é retirado dos estudantes é o do recreio. O lanche foi resumido a um suco, tomado com rapidez entre as aulas. “A água da torneira só chegou de manhã e já acabou”, conta o diretor Raimundo Soares Júnior. 

Por causa da demanda da escola, o carro-pipa enviado pela Secretaria Municipal de Educação de Maranguape dura apenas dois dias. Mas, segundo o diretor do colégio, assim que termina, a água é enviada novamente. Mas quem não gosta mesmo de ficar sem recreio são os alunos. “É um tempo até de você parar o que estava estudando, pra começar de novo outro assunto”, aponta Daiane Oliveira, 15, estudante do 9º ano. 
      www.opovo.com.br  

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